Assassin's Creed: Brotherhood | Crítica
Sequência direta de Assassin's Creed II melhora todos os pontos da série
Assassin's Creed: Brotherhood
Não é por acaso que Assassin's Creed tornou-se a maior franquia da Ubisoft em apenas três anos. Do primeiro jogo, de 2007, ao atual, Assassin's Creed: Brotherhood, a série explodiu em ideias e possibilidades.Observando os primeiros games e de olho no desenvolvimento das produções futuras, fica claro o plano da empresa francesa para o desenvolvimento de uma mitologia riquíssima e de potencial quase ilimitado de desdobramento em outras mídias.Assassin's Creed foi muito bem planejado para aproveitar cada aspecto de sua história central - a luta ancestral entre duas facções, as ordens dos Templários eAssassinos - e a Ubisoft não está poupando esforços para garantir a qualidade da narrativa, que mergulha cada vez mais fundo nas conspirações e amarrações históricas, misturando-as com elementos clássicos dos videogames.A ideia do Animus, programa que transporta o heróiDesmond Miles às memórias escondidas em seu DNA de Ezio, seu antepassado, havia me causado estranheza nos primeiros games. Mas agora, graças ao melhor desenvolvimento de seu uso, o Animus me parece funcionar muito bem como um recurso metafórico. Transportar Desmond ao passado impresso em seus genes é levar o próprio jogador ao game, justificando vícios da linguagem da mídia. Até o tutorial é parte da experiência em Assassin's Creed e cada segmento é uma lembrança a ser destravada.Este capítulo da saga continua a história de Ezio, personagem que ocupou o centro da trama em Assassin's Creed II, assumindo o legado de Altair (do primeiro game, de 2007). A trama o coloca em Roma, depois de dramáticos acontecimentos na cidade de Monterregioni, reconstruída a tanto custo no jogo anterior. Os antagonistas novamente são os Borgias, a infame família que, através do medo e jogos de poder, é considerada um espécie de embrião filosófico da máfia italiana.A Roma de Assassin's Creed é um triunfo de design e qualidade gráfica. Cada bairro, cada rua e viela trazem detalhes raramente encontrados em um game de mundo aberto com essa abrangência. Desde o primeiro momento é possível acessar quase todos os pontos do mapa com as habilidades básicas de Ezio. Trace uma rota e corra - pelos telhados ou solo - e o mapa acolherá sua decisão (o cavalo é quase sempre a pior opção, sempre empacando em obstáculos do terreno). As restrições de exploração ficam por conta de apenas três trechos, que terão relevância adiante. Visitas breves a outras cidades, em missões relacionadas a Leonardo daVinci, complementam a experiência, dando novidades ao jogador (como o controle de veículos) mesmo quando o jogo principal ainda está longe de parecer tedioso. Tudo com o detalhamento histórico e arquitetônico que já virou tradição da série.É excelente como são realizados os aprimoramentos do personagem, sempre ligados organicamente à trama ou missões paralelas. As campanhas secundárias também recebem constantemente novos objetivos, se desmembrando em possibilidades a todo instante. Realizar tudo o que Assassin's Creed: Brotherhood oferece é um feito viciante para dezenas de horas.Sozinha, a obsessão pelo recrutamento e administração das missões de novos assassinos poderia render um superaquecimento do videogame... essa novidade do jogo, aliás, é uma das mais interessantes. Contar com o apoio de um time de assassinos treinados e experientes, que atacam de qualquer ponto silenciosamente, dá uma nova dinâmica aos combates, que depois de algumas horas ficam um tanto arrastados. Combinada ao uso de facções como ladrões, cortesãs e mercenários, essa possibilidade amplia ainda mais os estratagemas possíveis em Assassin's Creed: Brotherhood.Como único grande problema do game - que melhorou bastante toda a problemática narrativa do anterior - está a má utilização dos segmentos fora do Animus, que continuam quase dispensáveis (ainda que muito melhores que os do game anterior e agora, durante a maior parte da campanha, sem a obrigatoriedade de serem jogados). A necessidade de sair da Roma renascentista em direção ao presente, afinal, é quase inexistente: buscar troféus, trocar três frases com seus aliados e ler e-mails sobre iogurte é algo absolutamente enfadonho se comparado às aventuras dentro do Animus. Certamente a Ubisoft poderia ter desenvolvido melhor a interação entre passado e presente para dar mais o que fazer a Desmond. No entanto, este é um problema menor, se comparado à liberdade, tempo de jogo (estendido com o inédito módulo multiplayer, que mereceria artigo próprio) e à qualidade geral que Assassin's Creed: Brotherhood oferecem.
Assassin's Creed: Brotherhood | Crítica
Sequência direta de Assassin's Creed II melhora todos os pontos da série
Assassin's Creed: Brotherhood
Não é por acaso que Assassin's Creed tornou-se a maior franquia da Ubisoft em apenas três anos. Do primeiro jogo, de 2007, ao atual, Assassin's Creed: Brotherhood, a série explodiu em ideias e possibilidades.
Observando os primeiros games e de olho no desenvolvimento das produções futuras, fica claro o plano da empresa francesa para o desenvolvimento de uma mitologia riquíssima e de potencial quase ilimitado de desdobramento em outras mídias.
Assassin's Creed foi muito bem planejado para aproveitar cada aspecto de sua história central - a luta ancestral entre duas facções, as ordens dos Templários eAssassinos - e a Ubisoft não está poupando esforços para garantir a qualidade da narrativa, que mergulha cada vez mais fundo nas conspirações e amarrações históricas, misturando-as com elementos clássicos dos videogames.
A ideia do Animus, programa que transporta o heróiDesmond Miles às memórias escondidas em seu DNA de Ezio, seu antepassado, havia me causado estranheza nos primeiros games. Mas agora, graças ao melhor desenvolvimento de seu uso, o Animus me parece funcionar muito bem como um recurso metafórico. Transportar Desmond ao passado impresso em seus genes é levar o próprio jogador ao game, justificando vícios da linguagem da mídia. Até o tutorial é parte da experiência em Assassin's Creed e cada segmento é uma lembrança a ser destravada.
Este capítulo da saga continua a história de Ezio, personagem que ocupou o centro da trama em Assassin's Creed II, assumindo o legado de Altair (do primeiro game, de 2007). A trama o coloca em Roma, depois de dramáticos acontecimentos na cidade de Monterregioni, reconstruída a tanto custo no jogo anterior. Os antagonistas novamente são os Borgias, a infame família que, através do medo e jogos de poder, é considerada um espécie de embrião filosófico da máfia italiana.
A Roma de Assassin's Creed é um triunfo de design e qualidade gráfica. Cada bairro, cada rua e viela trazem detalhes raramente encontrados em um game de mundo aberto com essa abrangência. Desde o primeiro momento é possível acessar quase todos os pontos do mapa com as habilidades básicas de Ezio. Trace uma rota e corra - pelos telhados ou solo - e o mapa acolherá sua decisão (o cavalo é quase sempre a pior opção, sempre empacando em obstáculos do terreno). As restrições de exploração ficam por conta de apenas três trechos, que terão relevância adiante. Visitas breves a outras cidades, em missões relacionadas a Leonardo daVinci, complementam a experiência, dando novidades ao jogador (como o controle de veículos) mesmo quando o jogo principal ainda está longe de parecer tedioso. Tudo com o detalhamento histórico e arquitetônico que já virou tradição da série.
É excelente como são realizados os aprimoramentos do personagem, sempre ligados organicamente à trama ou missões paralelas. As campanhas secundárias também recebem constantemente novos objetivos, se desmembrando em possibilidades a todo instante. Realizar tudo o que Assassin's Creed: Brotherhood oferece é um feito viciante para dezenas de horas.
Sozinha, a obsessão pelo recrutamento e administração das missões de novos assassinos poderia render um superaquecimento do videogame... essa novidade do jogo, aliás, é uma das mais interessantes. Contar com o apoio de um time de assassinos treinados e experientes, que atacam de qualquer ponto silenciosamente, dá uma nova dinâmica aos combates, que depois de algumas horas ficam um tanto arrastados. Combinada ao uso de facções como ladrões, cortesãs e mercenários, essa possibilidade amplia ainda mais os estratagemas possíveis em Assassin's Creed: Brotherhood.
Como único grande problema do game - que melhorou bastante toda a problemática narrativa do anterior - está a má utilização dos segmentos fora do Animus, que continuam quase dispensáveis (ainda que muito melhores que os do game anterior e agora, durante a maior parte da campanha, sem a obrigatoriedade de serem jogados). A necessidade de sair da Roma renascentista em direção ao presente, afinal, é quase inexistente: buscar troféus, trocar três frases com seus aliados e ler e-mails sobre iogurte é algo absolutamente enfadonho se comparado às aventuras dentro do Animus. Certamente a Ubisoft poderia ter desenvolvido melhor a interação entre passado e presente para dar mais o que fazer a Desmond. No entanto, este é um problema menor, se comparado à liberdade, tempo de jogo (estendido com o inédito módulo multiplayer, que mereceria artigo próprio) e à qualidade geral que Assassin's Creed: Brotherhood oferecem.